Quantas mulheres na liderança você conhece? Quantas líderes estão no seu local de trabalho?
Perguntas simples como essa são capazes de dar um panorama da diversidade empresarial e revelam um cenário que, ao longo dos anos, não mudou significativamente: mulheres na liderança ainda são a minoria nas organizações.
E, se por um lado a estrutura social não colabora para o desenvolvimento de mulheres na liderança, por outro, o peso e a sobrecarga da jornada dupla de trabalho também se tornam um impeditivo e aumentam doenças ocupacionais ao longo da carreira feminina.
Felizmente, cada vez mais existe uma preocupação em reverter o quadro e debater sobre o assunto. Neste artigo, vamos conversar um pouco sobre os principais desafios das mulheres na liderança e você ainda conhecerá a visão de liderança de três mulheres inspiradoras que já fizeram história aqui na Raccoon. Acompanhe!
Mulheres no mercado de trabalho: dados para refletir
De acordo com o último censo realizado em 2019 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 67,2% das mulheres ocupam o mercado de trabalho, enquanto que os homens representam 83,4%.
Para mulheres na faixa de 25 a 49 anos e com filhos de até 3 anos, a diferença é ainda maior: apenas 54,6% delas estavam no mercado de trabalho, sendo que os homens nas mesmas condições eram 89,2% – e só piora dentro de um recorte racial: o nível de ocupação de mulheres pretas ou pardas com filhosde até 3 anos é ainda mais baixo: 49,7%.
E essas diferenças não passam despercebidas. Segundo o relatório Mulheres na Liderança, realizado pelo Instituto Ipsos em parceria com Valor Econômico, O Globo, Época, Marie Claire e a ONG Will, apenas 30,2% dos trabalhadores acreditam que o Brasil avançou o suficiente quanto à oferta de direitos iguais entre homens e mulheres.
“Liderança é entender o que são pessoas e saber como direcioná-las em processos, respeitando suas histórias, desejos e limitações, sem deixar o objetivo estratégico do negócio em que atuamos de lado.” Mariana, Coordenadora de Comunicação na Raccoon.Monks.
E as mulheres na liderança?
Segundo o relatório da Grant Thornton, intitulado Women in Business 2021, a proporção global de cargos de liderança ocupados por mulheres cresceu relativamente pouco nos últimos cinco anos. Em 2017, 25% das mulheres ocupavam algum cargo da alta administração, já em 2021 elas representavam 31%.
No Brasil, mesmo com os desafios por conta da pandemia de Covid-19, as mulheres conquistaram 5% dos cargos de liderança, representando agora 39% no país – o que levou o Brasil ao 3º lugar no ranking global.
E quais foram os cargos mais ocupados por mulheres na liderança em 2021? De acordo com o estudo da Grant Thornton:
- CFO (43%)
- Diretora de RH (43%)
- CMO (40%)
- CEO/ Managing Director (36%)
Cargos de CIO, COO, Controller corporativa, diretora comercial, sócia e outros, representam menos de 30% de participação das mulheres.
“Liderança para mim é parceria e comprometimento, acima de qualquer coisa. Lidamos com pessoas, trajetórias, com sonhos e com talentos. Isso é algo extremamente poderoso.” Maria Teresa, Analista de Qualidade na Raccoon.Monks.
Principais desafios das mulheres na liderança
Se para chegar ao cargo de liderança já é um caminho difícil, dentro dele as mulheres ainda enfrentam diversos desafios. Confira os principais:
Forma de liderança questionada
Com mais da metade dos cargos de liderança ocupados por homens por tanto tempo, quando mulheres assumem esses papéis, elas precisam lidar também com um perfil de liderança já desenhado.
Homens podem ser frios, duros e indiferentes enquanto gestores sem que isso afete o seu papel de liderança ou coloque em dúvida a firmeza das suas palavras.
Já as mulheres em cargos de liderança, se apresentarem o mesmo nível de impessoalidade e indiferença, por exemplo, por mais que alcancem ótimos resultados em seus cargos, serão lidas não por sua competência enquanto gestoras, mas por essas características isoladas.
Em contrapartida, a ideia de que as mulheres são muito sentimentais, sensíveis e “boazinhas” também cria uma expectativa de que o perfil de liderança feminina é mais brando e pouco firme.
O problema é que essas ideias pré-concebidas afetam o desenvolvimento do trabalho das mulheres líderes e minam as potencialidades que a gestão feminina pode trazer.
“Socialmente, aprendemos a ser sensíveis. O ponto é que sensibilidade não é uma questão genética e sim uma questão que pode e DEVE ser aprendida por todos – quem fala sobre é uma pesquisa de Cambridge sobre sensibilidade. Se todos nós podemos e devemos ser sensíveis, por que essa é uma característica feminina? Aqui entra a sociedade machista, na qual ser sensível é crime para os homens. Precisamos entender que existem características associadas ao feminino que não pertencem às mulheres, mas que qualquer pessoa que aceite consegue desenvolver, chamado “arquétipo feminino”. E esse arquétipo, hoje, se posiciona como um diferencial na condução de pessoas, além de processos. Ele levanta questões de sensibilidade, escuta ativa, conexões reais. Então, entendo que ter mais mulheres em cargos de liderança é importante para a mudança de mentalidade, para que conexões reais sejam cada vez mais comuns no desenvolvimento de processos e projetos.” Mariana, Coordenadora de Comunicação na Raccoon.Monks.

Dupla jornada de trabalho
A jornada de trabalho da mulher não acaba no fim do expediente. Segundo dados do IBGE, mulheres que atuam no mercado de trabalho têm uma jornada de trabalho bem maior do que os homens.
Só para as tarefas não remuneradas ou afazeres domésticos, as mulheres empregadas dedicam 18,5 horas semanais, enquanto os homens, apenas 10,3 horas.
Falta de representatividade
A falta de representatividade é outro empecilho durante a gestão de mulheres na liderança. Isso porque, quando não se tem referências, abrir o caminho pode ser mais difícil.
Além disso, do ponto de vista de desenvolvimento dentro do ambiente de trabalho, a falta de outras mulheres assumindo posições de liderança acaba por desestimular a especialização da carreira feminina.
“Somos extremamente capazes de assumir cargos de liderança e, inclusive, posições altas em empresas. Normalmente, somos as mais críticas em relação ao nosso trabalho e é raro ver uma mulher que não está buscando melhorar o que faz. O poder simbólico que existe nas figuras masculinas ainda nos faz sempre “provar nosso potencial” além da conta, mas estamos no caminho certo.” Maria Teresa, Analista de Qualidade na Raccoon.Monks.
Salário desigual
A diferença salarial é também um grande desafio na carreira feminina. Uma pesquisa da Catho demonstrou que, mesmo em cargos de liderança, as mulheres recebem, em média, 19% a menos do que homens no mesmo cargo – ainda que elas sejam mais qualificadas – representando 56% de pessoas com pós-graduação, especialização ou MBA.
Quer um dado ainda mais preocupante? Conforme levantamento do Ipsos, apesar de haver uma crescente preocupação em aumentar a participação de mulheres na liderança, apenas 4% das empresas têm como pauta prioritária a redução do gap salarial.
Síndrome da impostora e insegurança
Com pouca representatividade ou estímulo, não é raro que mulheres líderes passem por sentimentos de inferioridade, autossabotagem e insegurança.
A síndrome da impostora surge quando mulheres na liderança ou em outras funções começam a questionar seus papéis dentro da organização, considerando-se uma fraude ou refletindo que não merecem ou que não têm capacidade para ocupar os cargos que ocupam.
A síndrome do impostor não é algo que ocorre somente com mulheres e independe da posição hierárquica, porém, com as construções empresariais e sociais, é comum que a carreira feminina venha permeada de dúvidas e inseguranças, o que dificulta o desenvolvimento das mulheres no ambiente de trabalho.
Outro fator que reforça a insegurança de mulheres líderes são situações sexistas, presentes em frases como: “Ela deve estar de TPM” ou “Com certeza deve ter saído com alguém para chegar nessa posição”, expressões que revelam o machismo estrutural.
Além disso, aparência física e roupas também podem ser usadas como uma forma de questionar a competência das gestoras. No levantamento da Ipsos, cerca de 29,5% das mulheres respondentes relataram que já receberam um comentário no ambiente de trabalho sobre sua aparência ou vestes.
Qual a importância de ter mulheres na liderança?
Pensar em ações e promoções de mulheres na liderança é fundamental para qualquer organização que pretende colaborar com uma sociedade mais justa e igualitária.
E os benefícios também chegam no bolso. De acordo com o relatório Better Leadership, Better World, as empresas que promoverem competências e estímulos à liderança feminina terão maiores chances de se desenvolverem, já que a prática melhora o retorno sobre o investimento, aprimora a cultura organizacional e a participação de mercado.
Mulheres líderes da Raccoon.Monks para você se inspirar
Agora que você já viu os desafios e a importância de promover ações para a inserção das mulheres em cargos de chefia, que tal conhecer exemplos reais?
Quando se fala em mulheres na liderança, a Raccoon.Monks é cheia de exemplos incríveis que fazem a diferença todos os dias – duas delas, apresentamos ao longo do texto: Maria Teresa Lopes e Mariana Mesquita (ao clicar, você vai direto para o Linkedin delas).
Na Raccoon desde 2019, a história de Maria Teresa (ou Tê entre os raccooners), é como a de muitos colaboradores: entrou como estagiária, sem saber nada sobre o universo do marketing, se apaixonou e hoje é simplesmente a cara da Raccoon – não é a toa que ela é uma das embaixadoras da marca na agência.
Nesse meio tempo ela já foi analista, coordenadora e agora atua na construção da Área de Qualidade dentro do time de Conteúdo – no qual ela trabalha o crescimento da área, identificando oportunidades e melhorias para o desenvolvimento do time.
E a experiência de Tê como líder é realmente inspiradora. Ter tido a possibilidade de chefiar um time que unia diferentes áreas, sem dúvida, contribuiu para a visão analítica e técnica que ela tem hoje.
“Meu projeto mais desafiador até o momento foi o que eu precisei gerir 9 pessoas, sendo elas também de outras áreas. Foi um processo bastante intenso de trocas e de aprendizado para mim, principalmente, quando eu me via em situações nas quais o meu papel era muito mais de oferecer apoio enquanto gestão do que ajudar em questões mais técnicas do trabalho.
Tenho muito a dizer (positivamente, claro) sobre o time que liderei. Todas as pessoas eram incríveis mas, acima de tudo, companheiras no dia a dia. Foi um projeto intenso, com diversas questões estruturais, mas o time me mostrou que ser uma boa gestora está também atrelado a ser uma boa parceira e buscar desenvolver o time até em ambientes mais críticos – que, na verdade, são os que mais nos fazem aprender. Esse é o meu case de sucesso”, afirma Tê.
E mulheres incríveis não faltam na Raccoon. Outra pessoa que vale muito a pena conhecer é Mariana Mesquita. A Mari entrou no Grupo Raccoon em junho de 2019, na Calina. Lá, ela atuou por 1 ano no Marketing Interno e logo depois esteve à frente da construção das áreas de Social e Conteúdo na Calina.
Foi durante esse período, em plena pandemia, que a Mari se tornou líder, e hoje atua na Raccoon como Coordenadora de Comunicação, uma referência inspiradora:
“Estar na linha de frente da construção de dois novos serviços em uma das empresas do grupo Raccoon foi meu maior e mais desafiador projeto! O surgimento das áreas de Social Media e Conteúdo na Calina começou com um teste, no qual fui convidada para realizar os dois novos serviços em dois clientes diferentes e, de repente, a demanda aumentou, tornamos uma nova área e batíamos quase 10 pessoas e mais de 20 clientes.
Ser a primeira coordenadora de dois novos serviços, construir do zero, com o suporte da minha liderança e liderados, todo o fluxo, precificação, processo seletivo, etapas de qualificação e, sem esquecer, de colaborar no desenvolvimento de pessoas, com absoluta certeza, foi meu maior desafio profissional até hoje e sou muito grata por ter tido essa experiência”, conta Mariana.
Não foi fácil, mas questionadas sobre como elas se sentem ao olhar toda sua trajetória enquanto líder, elas deixam claro o quanto o suporte da empresa e dos demais colaboradores é essencial para a construção de boas experiências para as mulheres na liderança.
Mari: “Antes de mais nada, eu sinto orgulho. Orgulho pelas quedas e conquistas, por ter me permitido chorar em dias difíceis e comemorar conquistas. Orgulho das pessoas que eu tive em minha jornada. Mais do que o destino final, eu tenho muito orgulho do meu processo e como ser mulher, durante esses altos e baixos, me tornou resiliente e me permitiu crescer de uma maneira tão especial durante esses meus 3 anos de Grupo Raccoon. A jornada é dura, mas é incrivelmente satisfatória quando se tem suporte para chegar lá”.
Tê: “Olhar para trás e ver minha trajetória enquanto uma mulher na gestão me dá bastante orgulho e um sentimento de gratidão enorme. Acho que não consigo resumir em outras palavras. Além disso, saber que posso colaborar com a carreira de outras pessoas, principalmente, de outras mulheres que trabalhei, é algo que me deixa com a sensação de que estou no caminho para que outras líderes se formem.”
Se quiser fazer parte da Raccoon e conhecer outras mulheres inspiradoras, acesse a nossa página de carreiras. A Raccoon é um local totalmente aberto para que você, mulher, possa se desenvolver, falar o que pensa e juntar-se com outras mulheres incríveis, formando uma rede de apoio e suporte como a Chusma Mulheres.
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